Juro médio cobrado em empréstimos recua em março, revela BC

BRASÍLIA – Em meio à cruzada do governo para redução do custo dos empréstimos, a taxa média de juros das chamadas operações referenciais de crédito do sistema financeiro brasileiro caiu 0,9 ponto percentual entre fevereiro e março, atingindo 37,3% ao ano. Com novas concessões no período, o volume de crédito do sistema financeiro subiu 1,7%, fechando o mês em R$ 2,069 trilhões. Como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), atingiu um nível de 49,3%, alta de 0,4 ponto percentual.

Divulgados nesta quarta-feira pelo Banco Central, os números dizem respeito aos contratos efetuados antes do calendário de reduções de juros divulgadas pelos bancos. Depois de explícito o esforço do governo para corte de taxas, o Banco do Brasil iniciou esse processo no início de abril.

A queda no mês passado atingiu, em maior parte, as operações direcionadas às pessoas físicas, cujo custo caiu 1 ponto percentual, para 44,4% ao ano. Para as empresas, a média caiu de 28,6% para 27,7% ao ano.

Os spreads bancários (diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa cobrada dos clientes) também caíram, de 28,5 pontos percentuais em fevereiro para 28 pontos em março. Nas operações com pessoas físicas, o spread, que era de 35,8 pontos percentuais em fevereiro, caiu para 35,1 pontos. As empresas, por sua vez, contrataram crédito com spread de 18,4 pontos em março, ante 18,8 pontos no mês anterior.

No cenário de redução dos juros médios cobrados, a taxa de inadimplência, considerando pagamentos em atraso há mais de 90 dias, apresentou queda de 0,1 ponto percentual entre fevereiro e março, situando-se em 5,7%. Esse percentual refere-se às operações de crédito que são referenciais para o cálculo da taxa média de juros, que inclui quase todo o crédito livre.

Na divulgação dos resultados dos balanços referentes ao primeiro trimestre, as provisões para devedores duvidosos foram um dos principais responsáveis pelo encolhimento dos resultados dos dois maiores bancos privados do país, Itaú Unibanco e Bradesco.

Empréstimos para empresas

Impulsionado principalmente pelas operações com empresas, o avanço de 1,7% no saldo total de operações em março foi superior ao de fevereiro, quando o aumento havia sido de 0,4%.

A carteira de empréstimos e financiamentos a essa clientela aumentou 2,2%, para R$ 1,099 trilhão, enquanto o saldo das operações de crédito com pessoas físicas subiu 1%, fechando o mês em R$ 970,391 bilhões.

Considerando os recursos de livre aplicação pelos bancos, a média diária de novas concessões para empresas cresceu 7,8% março, ante 9,4% em fevereiro. Já as concessões a pessoas físicas, que em fevereiro tinham aumentado 8,3%, caíram 5,3% em março.

Segundo os dados divulgados pelo BC, foram concedidos, em média, R$ 9,166 bilhões por dia útil, volume 2,1% superior ao do mês passado.

Volume acumulado

No acumulado do primeiro trimestre, mesmo com a queda registrada em janeiro, o saldo dos empréstimos e financiamentos do sistema subiu 2%.

O ritmo é moderado e indica que, diferentemente do que ocorreu em 2011, o crescimento em todo o ano de 2012 deverá ficar dentro da previsão do BC, que é de expansão em torno de 15%.

No ano passado, a expansão chegou a 19%, acima dos 17% apontados pela projeção já revisada da autoridade monetária.

(Murilo Rodrigues Alves e Mônica Izaguirre | Valor)

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